Clériston Andrade*
As discussões em torno da educação inclusiva muitas vezes vagam por defesas que, num outro nível de consciência social, nem necessitaríamos fazer. Isso pelo simples fato de que não deveria existir educação que não fosse inclusiva.
Toda forma de educar que seleciona, exclui, rotula, não poderia ser entendida como uma expressão da educação. Essa, na verdade, é a negação da premissa de que uma sociedade mais justa e equânime possa emergir do ato educativo.
A escola existe para acolher. Esse pressuposto deve reger o olhar de todo educador, direcionar as políticas públicas, delimitar a ação dos governantes. Aquilo que seja contrário a isso, necessita ser tratado como crime: o crime de desvirtuar a essência da educação.
Enfim, toda ação educativa que não inclui precisa ser vista como um ato criminoso que condena projetos de vida, anula sonhos e rouba perspectivas. A verdadeira educação não escolhe, acolhe. Ela não se dedica a classificar, a eleger “melhores” ou “piores”, “capazes” ou “incapazes”. Este seria um atentado ao que nos faz humanos: a constatação de que somos iguais.
Quando abordamos o Direito à Diversidade, quase sempre nos equivocamos e pensamos que nasce meritoriamente de nós o ato de acolhermos às diferenças. Colocamo-nos como os “benfeitores” da história. Esta é uma grande ilusão!
Na verdade, o direito é também nosso. Conviver com os diferentes é uma valiosa dádiva. Como, em razão da nossa individualidade, possuímos necessidades únicas, exclusivas, também precisamos ser acolhidos.
São as chamadas maiorias que se educam quando lhes é proporcionado o direito de andar junto com quem elas antes estigmatizavam. Somos educados ao mudarmos o olhar, os conceitos e as imagens que temos do outro.
O “V Seminário de Educação Inclusiva: ‘Direito à Diversidade’”, que será realizado pela Secretaria de Educação de Juazeiro, no Grande Hotel, entre 11 e 15 de maio, celebra a igualdade na diversidade, reconhecendo a diversidade entre os semelhantes. Este encontro abraça os diferentes e os percebe iguais como sujeitos de direito.
Assim, buscamos cumprir o que está refletido nas palavras de Boaventura de Sousa Santos**, "temos o direito de sermos iguais, quando a diferença nos inferioriza, temos o direito a sermos diferentes, quando a igualdade nos descaracteriza".
* Clériston Andrade é Pedagogo, Especialista em Metodologia e Didática do Ensino Superior, exerce atualmente o cargo de Gerente de Valorização do Professor e Formação Continuada da SEDUC – Juazeiro-Bahia.
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** SANTOS, Boaventura de Souza. Entrevista com Prof. Boaventura de Souza Santos. (On line). Disponível: http://www.dhi.uem.br/jurandir/jurandir-boaven1.htm, 1995.